sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Mico dos Micos

As primeiras coisas que uma pessoa fica sabendo a meu respeito são: meu nome / não, não tenho Facebook nem Orkut (seguido de toda uma argumentação lógica, porque as pessoas acham isso um absurdo) / fiquei de calcinha no metrô.

Hã? Comassim? Simples assim: fiquei de calcinha no metrô.

Eu fazia faculdade de manhã, em áureos tempos quando toda minha preocupação era esperar o horário da Malhação e imaginariamente fazer amigos no Gigabyte. Todos dias, voltava de metrô com uma amiga, íamos até um Terminal de Ônibus/Metrô, e lá a mãe dela nos buscava.

Vide foto ilustrativa:


O belo e glorioso Term. Vila Carrão

Num dado dia de sol, borboletas felizes e "Vem chegando o Verão, um calor no coração, essa magia colorida, coisas da vida..." eu estava de saia, aquelas saias longas indianas (porque um dia quis ser hippie) e, descendo a escada rolante que saía do metrô no terminal de ônibus, eis que minha saia prende na escada rolante.

E eis que a escada rolante vai tentando sobreviver, bravamente continua funcionando, e vai puxando minha saia até que... lá se foi minha saia. E eu fiquei de calcinha.

Eu, de regatinha, chinelinho, fichário na mão, bolsa no ombro e... calcinha. E como tudo pode sempre piorar,
a escada parou de funcionar por causa da saia de alguém *assobia*  e eu tive que descer tudo a pé.

Minha amiga ligou o modo invisibilidade, porque não fez nada, fingiu que não me conhecia e que estava ali por acaso.

Bom, desci a escada e parei num cantinho. Nisso, os PERUEIROS do Terminal vieram tentar tirar minha saia da escada. Só seria pior se fossem pedreiros, ou orcs. Mas eles foram respeitosos, ninguém me estuprou nem nada. Conseguiram tirar um pedaço da saia, todo sujo de gracha (gente, nunca tinha escrito essa palavra na minha vida! gracha gracha gracha - será que é com x?) e um deles me entregou o teco, como quem diz: é o que tem para hoje.

Aí vesti o teco de saia, com a multidão de transeuntes me assistindo. Nisso lembrei da minha amiga. Ela, graças a Deus, num sopro divino de perspicácia, tinha ido falar com a mãe dela para entrar com o carro no terminal e me buscar, senão teria que atravessar toooodo o terminal.

Entrei no carro rapidamente. E comecei a chorar, olha que tonta. De vergonha.

Mas, também, depois disso, nada mais me abala.

PS.: Percebem como quase todos os fatos da minha vida acontecem no transporte público?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Consultoria de Acesso ao seu Local de Destino

Estava eu, voltando de noite para casa, tomada duma leveza de espírito que ó, dava gosto, quando resolvi que eu deveria fazer do mundo um lugar melhor.

Eu estava no ônibus (lógico) quando eu tiozinho japonês perguntou ao cobrador em que ponto deveria descer para ir na Rua Tal. O cobrador fez aquela cara que te dá desespero quando é você que precisa de ajuda, aquela cara que desmorona suas últimas esperanças. E o ponto onde o tiozinho deveria descer estava chegando (porque eu sabia onde ficava a Rua Tal) e eu me senti obrigada moral e cívicamente em dizer a ele. Uma, porque o tiozinho era tão japonês, mas tão japonês que, coitado, largado assim pelas ruas selvagens de São Paulo.

Levantei do meu assento e fui até lá explicar. Tive que gesticular bastante para o tiozinho entender, mas ele desceu no ponto certo e virou para o lado certo, então, creio eu, salvei uma alma indefesa.

-1 ovelha desgarrada
Quando estava voltando para o meu assento, sentindo todos os olhares das pessoas do ônibus em mim, eis que sou interceptada por outra pessoa: Oi, e a Rua X, você sabe em que ponto tenho que descer? Ai, gente. Já me imaginei de coletinho dando informações a todos os presentes, igual aqueles jovens aprendizes de fila de banco. Mas o que me motivou foi que o moço era bonito - sim, um motivo não muito nobre, mas ainda assim estava auxiliando um ser humano a percorrer as estradas da vida.

Expliquei, gesticulei bem menos mas ele gesticulava demais, Demais. Era gay. Ó-b-v-i-o.

Nisso, o rapaz desceu e o cobrador grita láááá para o motorista, encerrando com chave de ouro minha trajetória naquele ônibus:

- Ô Ronaldo, a gente devia deixar essa minina de xadrez trabalhando com a gente né.
E o motorista fez um jóinha. Não sei se pra mim ou se pro cobrador.

Foi então que - graças a deus! - o meu ponto chegou. E eu desci meio sem saber se eu despedia do cobrador, acenava para o motorista Ronaldo, ou se eu simplesmente fingia que nada tinha acontecido.

Adivinha?

Desci como se nada tivesse acontecido. Já tinha passado por exposição social demais.
Ai se a SPTrans me descobre, viu. Emprego garantido de Consultoria de Acesso ao seu Local de Destino.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lista: Pessoas que Admiro

Eu, enquanto ser humano que busca a nobreza da essência (hohoho), tenho mais construído minha Rodovia da Falta de Dignidade (com a ajuda da @dehmundin, claro) do que qualquer outra coisa MAS isso não impede que eu observe o comportamento humano e admire algumas coisas.

Então, como adoro uma lista (Monica Geller mode on), resolvi estruturar o meu raciocínio. E olha que nem dividirei minha lista em categorias, cores e prioridades, como normalmente faço. A lista das pessoas que admiro:

1. Gente que acorda feliz.
Acordar de bom humor, para mim, é um daqueles mistérios da vida. Tipo o Elo Perdido de Darwin. Acho irritante, acho inconveniente, acho insuportável, mas admiro.

Booooom dia !
2. Gente que sabe fazer o símbolo do Spock com as mãos
É nessa hora que especulo a possibilidade de ter um tantinho de autismo nos meus cromossomos. Se eu for tentar fazer este símbolo, preciso de um aramezinho ou uma fitinha para deixar juntos os dedos anelar e mindinho porque eles simplesmente não ficam juntos. Never.


Lero-lero, eu sei fazer, você não

3. Gente que malha com entusiasmo
Eu até faço exercícios físicos. Tenho lá na minha casa alguns aparelhinhos made in Polishop que eu realmente uso (juro). Mas daí a GOSTAR disso tem tipo uma distância de dois sóis. Não tenho essa auto-motivação de ir para a academia às 23h, depois da faculdade, ou às 6h, antes do trabalho. Eu sempre irei escolher: dormir. Não importa quais sejam as outras opções.

Me deixe dormitar em paz.
4. Gente que assobia alto
Queria muito saber assobiar. Tipo aquele personagem do Chaves que assobiava na aula (quem souber o nome, por gentileza, engrandeça meu espírito cultural e coloque o nome dele nos comentários).

Vou levantar o dedo do meio pq sou revoltado. E ouço Restart.



5. Gente que samba
A combinação salto muito alto + penas na cabeça + roupa minúscula e desconfortável + sambar + cantar o samba enredo certo + acompanhar a evolução da escola + não ser engolida pela bateria + confetes caem na frente dos seus olhos + sorrir sempre... Meu deus! Como elas conseguem isso?

Ah vá, que vc não consegue? Super fácil!
6. E gente que toca dois instrumentos ao mesmo tempo
Exemplo: Toca gaita e violão. Fico me perguntando como o cérebro da pessoa entende qual parte deve assoprar e qual parte deve mexer os dedos, e em qual ritmo. Taí a comprovação empírica de que o cérebro humano é mesmo incrível.

MAS tem uma coisa que eu sei fazer que muita gente deve admirar! Eu sei... Hm... Bem, eu sei... Hã... Então, eu sei... É... Hm...

Nem vem.
Bom, notifico quando descobrir.