quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Consultoria de Acesso ao seu Local de Destino

Estava eu, voltando de noite para casa, tomada duma leveza de espírito que ó, dava gosto, quando resolvi que eu deveria fazer do mundo um lugar melhor.

Eu estava no ônibus (lógico) quando eu tiozinho japonês perguntou ao cobrador em que ponto deveria descer para ir na Rua Tal. O cobrador fez aquela cara que te dá desespero quando é você que precisa de ajuda, aquela cara que desmorona suas últimas esperanças. E o ponto onde o tiozinho deveria descer estava chegando (porque eu sabia onde ficava a Rua Tal) e eu me senti obrigada moral e cívicamente em dizer a ele. Uma, porque o tiozinho era tão japonês, mas tão japonês que, coitado, largado assim pelas ruas selvagens de São Paulo.

Levantei do meu assento e fui até lá explicar. Tive que gesticular bastante para o tiozinho entender, mas ele desceu no ponto certo e virou para o lado certo, então, creio eu, salvei uma alma indefesa.

-1 ovelha desgarrada
Quando estava voltando para o meu assento, sentindo todos os olhares das pessoas do ônibus em mim, eis que sou interceptada por outra pessoa: Oi, e a Rua X, você sabe em que ponto tenho que descer? Ai, gente. Já me imaginei de coletinho dando informações a todos os presentes, igual aqueles jovens aprendizes de fila de banco. Mas o que me motivou foi que o moço era bonito - sim, um motivo não muito nobre, mas ainda assim estava auxiliando um ser humano a percorrer as estradas da vida.

Expliquei, gesticulei bem menos mas ele gesticulava demais, Demais. Era gay. Ó-b-v-i-o.

Nisso, o rapaz desceu e o cobrador grita láááá para o motorista, encerrando com chave de ouro minha trajetória naquele ônibus:

- Ô Ronaldo, a gente devia deixar essa minina de xadrez trabalhando com a gente né.
E o motorista fez um jóinha. Não sei se pra mim ou se pro cobrador.

Foi então que - graças a deus! - o meu ponto chegou. E eu desci meio sem saber se eu despedia do cobrador, acenava para o motorista Ronaldo, ou se eu simplesmente fingia que nada tinha acontecido.

Adivinha?

Desci como se nada tivesse acontecido. Já tinha passado por exposição social demais.
Ai se a SPTrans me descobre, viu. Emprego garantido de Consultoria de Acesso ao seu Local de Destino.

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