sexta-feira, 25 de março de 2011

Vergonha alheia: um sentimento mais eterno que o amor

Vergonha alheia é um sentimento muito incômodo. É uma mistura de dó da outra pessoa, com a sensação de que, só porque você está de alguma forma participando daquela cena, você também está merecendo esse sentimento de dó. Mesmo que você ligue o modo invisibilidade, surge sempre aquela aflição de ser inserido na cena de uma forma constrangedora e irreversível.

E é um sentimento tão universal que desde as Videocassetadas do Faustão até o  Youtube, damos um jeitinho de compartilhar momentos de vergonha alheia.

Acho que o tipo mais comum de vergonha alheia no meu cotidiano são as conversas no celular dentro de transporte público. Eu até entendo que, devido ao tempo enorme que a gente perde no trânsito, que tenhamos que resolver algumas coisinhas no percurso, mas não entendo, ó SENHOR, porque raios as pessoas tem que conversar banalidades!

Maldita hora que o celular ficou acessível para que qualquer um compre.

Eu sinto uma vergonha alheia gigantesca quando escuto uma menina contando para uma amiga que terminou com o namorado, com uma riqueza de detalhes que todos dispensavam saber, ou quando alguém relata tudo o que aconteceu numa entrevista de emprego, com comentários extensos sobre a entrevistadora. Parece que só porque estamos numa época onde as redes sociais deixam nossa vida pública, que tudo tem que ser público.

E o pior é que não dá para não prestar atenção. Simplesmente não dá. Eu não consigo não ouvir a conversa alheia.

Mas aí que ontem o meu nível de vergonha alheia chegou na Lua: pessoas fazendo aeróbica em plena Henrique Schaumann (leitores não paulistas: uma avenida movimentadíssima aqui em Sampa). Uma academia resolveu inaugurar fazendo estardalhaço, colocou todo mundo de uma aula de aeróbica no estacionamento que fica em frente à academia, com muitas luzes e um som muito alto, e três instrutores falando em microfones. Aí você passava na rua, desviando das pessoas que estavam malhando. No mínimo, SURREAL.

Fiquei com vergonha de tirar foto, porque eu estava com muita vergonha alheia daquelas pessoas malhando no meio do nada da avenida.

E tudo só piorou quando eu vi, no meio daquelas pessoas, uma menina de roupa normal (calça jeans, sapatilha, blusinha) malhando junto com as outras pessoas, que estavam com roupa de ginástica, e com a bolsa no ombro.

Na mesma hora surgiu a idéia desse post.

E algo me diz que poderei fazer muitos, mas muitos outros posts sobre esse tema, porque o ser humano é um bichinho que nasceu para não ter dignidade.

Um comentário:

  1. hahahahahahahahah. e olha q nem exigimos muito, só o minimo de dignidade para ser se viver em sociedade já é o suficiente

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